Após exames ainda não foi possível concluir que a morte da jovem de 20 anos foi exclusivamente pelo vírus zica. Na época, a suspeita era que a paciente tivesse morrido devido à dengue, mas os exames não foram conclusivos. O laudo que confirmou a infecção por zika foi feito pelo Instituto Evandro Chagas. Segundo o governo federal, esta seria a terceira causada pelo zika no Brasil.
A vítima morreu 12 dias após ser internada em Natal (RN). A paciente era do Município de Serrinha e teve problemas respiratórios. Por causa desta mudança no padrão de infecção, o caso foi levado à Organização Mundial de Saúde (OMS). Como não é comum uma pessoa jovem morrer tão rapidamente dessa causa, o material genético foi encaminhado para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, que conseguiu verificar a presença do vírus e, ao mesmo tempo, descartou outras possíveis causas.
As mortes por zika no Brasil são as primeiras registradas no mundo. Especialistas dizem que há motivo para preocupação, mas não para pânico. O zika aparenta ser muito menos letal que a dengue, que mata entre 25 mil e 50 mil pessoas por ano no mundo.
Exames
Pedro Vasconcelos, pesquisador do Instituto Evandro Chagas responsável pelos testes que deram positivo para zika no caso da terceira vítima, ressaltou que o problema respiratório apresentado pela mulher não é sintoma típico das infecções pelo vírus, dentro do que se sabe até agora sobre a doença.
“Ela apresentava uma manifestação clínica bastante incomum para o vírus zika, que era um quadro respiratório. Isso pode ser uma comorbidade. Ela pode ter desenvolvido uma pneumonia ou bronquite e, associada com a infecção pelo zika, agravou esse quadro resultando na morte” disse Vasconcelos.
Mortes
A primeira morte foi de um homem do Maranhão, que apresentava lúpus, doença que pode se complicar quando o organismo é infectado por bactérias ou por vírus, como a zika. A morte foi confirmada em novembro pelo Instituto Evandro Chagas.
Já o segundo caso foi de uma adolescente de 16 anos, que teve como primeiros sintomas dor de cabeça, náuseas e pontos vermelhos pelo corpo e morreu em outubro. Ela morava no Município de Benevides, no Pará.
Mosquito transgênico
Para diminuir os casos de zika e dengue é necessário eliminar o inseto vetor, o Aedes aegypti. Porém, mesmo com campanhas anuais isto não vem acontecendo, ao contrário, a proliferação do mosquito aumenta cada vez mais. Por isso, o uso de mosquitos transgênicos pode mudar a forma como o Brasil vem combatendo o Aedes aegypti. Mas, apesar das taxas de sucesso alardeadas por autoridades e pela empresa que inventou o novo inseto, o mosquito OX513A, como foi batizado, é polêmico.
Produzida pela empresa britânica Oxitec, a variação genética do Aedes aegypti poderá ser o primeiro inseto do tipo a ser comercializado no mundo, mais provavelmente, no Brasil, onde vem encontrando seu mais amplo campo de testes. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou testes em 2011 e uso comercial em 2014, mas a falta de um parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trava a entrada do mosquito em um mercado que poderá representar milhões em receita para a Oxitec.
Teste polêmico
Diante do limbo regulatório, a Oxitec reparte com a prefeitura de Piracicaba os custos dos testes feitos com o mosquito em um bairro da cidade paulista. Piracicaba poderá se tornar a primeira cidade no país a receber a espécie em larga escala. A prefeitura decidiu ampliar os testes, liberando o OX513A também no centro da cidade, onde vivem 60 mil pessoas, contra 5,5 mil no bairro onde o inseto vinha sendo testado anteriormente.
De acordo com dados, o mosquito modificado geneticamente tem apresentado altas taxas de performance nos testes, supostamente reduzindo em muito a ocorrência de dengue, mas os resultados são alvos de críticas por parte da comunidade científica que demonstra preocupação com a ampliação dos experimentos.