A combinação de baixa umidade relativa do ar, temperaturas elevadas e fumaça proveniente de queimadas, deixa o corpo mais suscetível a doenças, principalmente, as que afetam o aparelho respiratório. Nas cidades com tempo seco, asma, bronquite, gripes e resfriados são frequentes nessa época do ano. Entretanto, medidas simples podem atenuar os efeitos adversos do clima árido no organismo.
A situação é a mesma todo ano para o brasiliense Rafael Rocha. No período de estiagem, a rinite, que o acompanha desde criança, vem com intensidade e o nariz sangra com frequência. Para aliviar os sintomas, o estudante de 24 anos tem algumas armas para enfrentar o clima da capital federal.“Na seca uso sempre um soro para hidratar o nariz, procuro deixar os ambientes umidificados e redobro os cuidados na hora de dormir porque já aconteceu de acordar e a cama estar cheia de sangue do nariz”, conta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade do ar abaixo dos 30% traz riscos para saúde. O ideal é que ela fique entre 50% e 80%. Outro fator que contribui para os efeitos negativos do clima é a poluição, que aumenta no período seco. A falta de chuvas propicia a concentração de gases nocivos na atmosfera como o monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e outras substâncias prejudiciais à saúde.
A pneumologista Keyla Maia, do Hospital Universitário Júlio Müller, da Universidade Federal do Mato Grosso, explica que no período da seca o ar “procura” água em todos os ambientes, inclusive, no corpo humano. Algumas áreas do corpo como, por exemplo, a pele, são danificadas pelo ar seco, o que torna indispensável o uso de cremes hidratantes.“No caso da seca, o organismo humano está inserido em um meio ambiente que por si só é agressivo. A pele, os olhos e o aparelho respiratório ficam ressecados. Daí a necessidade de hidratação constante”, explica.
A médica ressalta que o nariz é o órgão mais afetado pelo ar seco, por ter o primeiro contato com o ambiente. A função do nariz é filtrar as impurezas do ar que vai para os pulmões, mas, pelo fato de estar danificado pelo clima seco, a filtragem acaba não ocorrendo. “A pessoa inala diretamente toda a poeira sem passar pelo sistema de defesa do nariz, que foi comprometido”, explica a pneumologista.
Além dos problemas respiratórios, o coração também sofre porque há uma elevação da pressão arterial. Com isso, há uma possibilidade maior de ocorrência de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Prevenção - Alguns cuidados simples devem ser tomados para evitar complicações. Medidas como beber dois litros de água por dia, evitar atividades físicas das 9h às 17h e lavar o nariz com soro fisiológico são eficazes. Deixar um umidificador de ar ligado no ambiente ou uma bacia cheia de água ajuda o ar a ficar mais úmido, o que facilita a respiração.
Priscilla Alexandrino, infectologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande (MS), esclarece que o tempo seco é a época do ano em que há maior entrada de microorganismos, vírus e poeira no organismo e, portanto, as pessoas devem ficar atentas com alguns sintomas iniciais.“Quando tem febre alta ou falta de ar é sempre preocupante. Além disso, caso algum outro sintoma se estenda por dois ou três dias é importante procurar a orientação de um médico”, explica.
A especialista destaca que algumas faixas etárias sofrem mais com o tempo seco. “Crianças e adultos com mais de 50 anos precisam ter ainda mais precaução. Nessas fases da vida, ou estão com a imunidade ainda não tão amadurecida ou em uma fase em que não são tão eficazes. Uma gripe pode complicar e é preciso ter cuidado”, recomenda.